Quando começa o “Novo Normal”?

_ No “novo normal” isso não vai acontecer.

_ O “novo normal” apresentará desafios para as pessoas, empresas e governos.

Estes são alguns exemplos do que temos lido, assistido e ouvido sobre como será o mundo, nosso país, nossa cidade e nós mesmos, cidadãos, após este período conturbado que estamos atravessando.

Novo e normal apesar de não serem palavras antagônicas eram poucas vezes utilizadas para construírem uma ideia. Já que, o novo muitas vezes suplanta o que é normal até se tornar normal e este ser superado por um novo, novo e assim por diante. Muitas vezes nos fixamos tanto ao termo que não reparamos que isso acontece todos os dias. Obviamente não é uma tentativa de diminuir os impactos que a pandemia tem causado seja na esfera humanitária ou econômica. Acontecimentos como este mudam e moldam a história.

Quando voltamos no tempo há 400.000 anos o novo normal eram os benefícios que o domínio do fogo proporcionava, aquecimento, alimentos mais calóricos, proteção etc. Claro que isso também proporcionou o uso do fogo como arma, nada é totalmente bom ou ruim.

Os próximos meses e anos serão, sem dúvidas, de grandes mudanças em todos os aspectos. Muitas coisas que hoje são normais, passarão por um período de adaptações até serem normais novamente. Só para citar um aspecto que pode mudar muito, novas regulamentações sanitárias mudarão ambiente de trabalho, residências, bares, restaurantes, escolas, universidades, eventos, hospitais, viagens em transporte coletivo, shoppings, supermercados e praticamente todo e qualquer lugar em que haja fluxo de pessoas.

Um exemplo do que a mudança na legislação em decorrência de outro fato que mudou o mundo pode causar. Os atentados terroristas ao WTC e ao Pentágono, nos EUA. Dias após os ataques uma nova regulamentação sobre a segurança em voo que proibiu o embarque de qualquer tipo de lâmina entrou em vigor e fez com que as vendas da Victorinox, fabricante dos famosos canivetes suíços, despencassem 30% imediatamente. Nos meses seguintes boa parte de suas lojas fecharam, pois estavam localizadas em aeroportos, se não bastasse, quase 1 milhão de canivetes e facas da marca foram retidas apenas nos aeroportos dos Estados Unidos. Até então a empresa só fabricava canivetes multifuncionais e facas.

Neste cenário catastrófico a empresa suíça com administração familiar, decidiu que o único caminho que restara era se reinventar. Diversificou seu portfólio de produtos que passou a contar com canetas, perfumes, carteiras, bolsas, relógios, perfumes e outros acessórios, além dos tradicionais canivetes multiusos e facas. Hoje seus produtos novos produtos são vendidos mundialmente e sua marca cresceu ainda mais.

Existe muita especulação do que será e do que não será a nova norma, mas algo que não podemos descartar é que durante este período de isolamento o consumidor refletiu sobre muitos dos seus hábitos, gastos e experimentou novos serviços, novas experiências, novas plataformas e novas marcas, seja por convicção da necessidade de mudança ou por ser a única alternativa no momento.

Este novo consumidor vai encarar um restaurante lotado, com mesas coladas umas nas outras, novamente? Vai curtir um show sem se preocupar com a aglomeração de pessoas? Vai preferir encontros na casa de amigos e pedir a comida por delivery ou até mesmo preparar o jantar do que ir até um restaurante? Em vez de um curso presencial vai preferir uma das muitas plataformas que oferecem cursos virtualmente? Vai fazer compras em um supermercado que não higieniza os carrinhos de compras? Estas e muitas outras perguntas sem dúvida farão parte das decisões do consumidor no “novo normal”.

Aos empresários, diretores e gerentes de marketing cabe se questionarem sobre a necessidade de reinvenção de seus negócios, revisitar, além das organizações, os próprios valores e crenças, refletir sobre o que e como se comunicam com seus consumidores, o que fizeram para criar e nutrir marcas fortes que os clientes relutem em abandonar, como se posicionaram durante esta pandemia com seus funcionários e clientes.

O “novo normal” já chegou, os desafios estão lançados e, mais do que nunca, o sucesso vai depender muito do que cada empresa construiu ao longo de sua jornada.